PMMA é um implante líquido utilizado na medicina há mais de 80 anos sendo empregado nas últimas três décadas em procedimentos minimamente invasivos para preenchimento, correção volumétrica, equilíbrio de assimetrias e definição de contorno facial e corporal.
Ao longo desse período o produto passou por sucessivas melhorias, encontrando-se hoje em sua quarta geração, o que significa um produto livre de impurezas, com microesferas de tamanho regular e superfície nano texturizada, fatores que reduzem consideravelmente o risco de granuloma, infecção, alergia, rejeição e aumentam a fixação e o estímulo à produção de colágeno.
O deferimento do registro na Anvisa só foi publicado após intensa dedicação à pesquisa e desenvolvimento, que possibilitou a comercialização legal do PMMA no Brasil por determinados laboratórios.
Riscos do PMMA
Assim como qualquer procedimento médico o preenchimento com PMMA não é isento de riscos, diversos fatores contribuem para uma aplicação correta, os três principais são a higienização do ambiente e a qualidade do profissional e do produto. Quando utilizado produto aprovado pela Anvisa por médico com registro no Conselho de Medicina do Estado onde o procedimento será realizado e em ambiente com alvará da vigilância sanitária para realização de procedimentos médicos, os riscos ficam dentro dos limites aceitáveis.
Estudos comprovam que o PMMA para preenchimento de glúteos possui risco menor do que o de técnicas consagradas como lipoescultura e gluteoplastia. Na revisão da literatura sobre técnicas para aumento de glúteos, Oranges et al. realizou um estudo comparativo que observou complicações em 30,5% dos implantes de silicone e em 10,5% das lipoesculturas, enquanto o preenchimento de glúteos com PMMA, segundo o estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE número 86722118.8.0000.5291) publicado na revista da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, apresentou complicações em apenas 1,88% dos casos.
O relato de caso feito pelo Grupo de Estudos Científicos Leger acompanhou mais de 1.500 pacientes por 10 anos que realizaram quase 3.000 procedimentos de aumento de glúteos com PMMA, sem registrar nenhuma complicação grave no pós-imediato, tardia ou em consequência do uso de grandes volumes.
Em pesquisa divulgada em 2016 durante o 1° Simpósio Consenso Brasileiro de Implantes Infiltrativos da qual participaram 36 médicos de todo o Brasil que juntos realizaram 87.371 preenchimentos com PMMA, foram registradas apenas 719 complicações, o equivalente a 0,823% do total.
História do PMMA
PMMA ou polimetilmetacrilato foi utilizado pela primeira vez na área da saúde como prótese dentária em 1936 e como preenchedor de tecidos moles em 1988. Em 1993 as microesferas sólidas de polimetilmetacrilato foram misturadas ao colágeno bovino para que o produto pudesse ser implantado com agulha, sem cirurgia. Apesar de eficiente, esta combinação tinha um alto preço final e problemas de compatibilidade biológica, que geravam a necessidade de teste alergênico devido ao colágeno bovino.
Esta foi a primeira geração de PMMA, que além dos problemas já citados, tinha como principal complicação, um índice de granuloma de 2,5%. As pequenas saliências causadas pelos granulomas são ocasionadas por uma resposta inflamatória de defesa do organismo. Microesferas de superfície irregular e tamanhos variados favoreciam a ação desse sistema que buscava expulsar o corpo estranho.
Para resolver esse problema, em 1995 os laboratórios começaram uma corrida para produzir esferas mais lisas e com tamanhos regulares, entre 30 e 50 micras, a milionésima parte do metro. Era a segunda geração. Com partículas maiores do que 30 micras foi possível reduzir o índice de granuloma para menos de 0,01% enquanto o limite de 50 micras evitava perdas na reação tecidual e estimulação de colágeno.
Foi também neste ano que o colágeno bovino foi substituído pela carboximetilcelulose, dispensando o teste alergênico e possibilitando a infiltração intramuscular, o que reduziu as chances de migração.
Foi somente em 2006, com a purificação do PMMA e o lançamento da terceira geração do produto trazendo menores chances de infecção e alergia que o preenchedor foi liberado pela agência de saúde norte-americana. Em 2007 a Anvisa proibiu a fabricação de PMMA por farmácias de manipulação e passou a aplicar um rígido controle de qualidade para liberar a comercialização do produto no Brasil.
Atualmente o PMMA está em sua quarta geração, o que significa um produto livre de impurezas, com microesferas de tamanho regular e superfície nano texturizada, fatores que reduzem consideravelmente o risco de granuloma, infecção, alergia, rejeição e aumentam a fixação e o estímulo à produção de colágeno, conforme estudos preliminares divulgados por Lemperle em 2019.